Translate

sábado, 24 de novembro de 2018

O Socialismo na Europa Como Referência Doutrinária na América Latina



A ideia de socialismo surgiu na Europa por volta do século XV à partir do crescimento das revoltas camponesas na Alemanha e na Inglaterra, como resultado das precárias condições de trabalho, baixos salários e extenso ritmo de produtividade. Porém, a sistematização do conceito de socialismo em sua versão mais utópica de organizar a sociedade, tendo como base a distribuição igualitária de riquezas, surgiu nos séculos XVI e XVII, ganhando força no século XIX com o socialismo científico apregoado por Marx e Engel.

Para Marx, o socialismo só poderia ser construído e conquistado pela classe dominada, o proletariado, que deveria formar uma sociedade que aboliria a propriedade privada e a exploração da classe operária. Marx, porém, reconhecia o caráter social da produção e por isso mesmo, defendia a socialização desses meios de produção, consequentemente extinguindo as classes e assegurando desse modo, a existência de uma nova sociedade igualitária nos moldes de produtividade capitalista, no qual o Estado seria o detentor dos meios de produção e distribuição de riquezas. Apesar do caráter indiscutivelmente revolucionário desse princípio, nem Marx e nem Engel, apontaram meios para desenvolverem o processo de socialismo teorizado por eles.



A identidade e a unidade da esquerda européia foram sendo desmontadas aos poucos, durante o século XX, por conta das sucessivas revisões doutrinárias e estratégicas de caráter marxista. Após a desconstrução do materialismo histórico, nenhuma outra teoria surgiu com capacidade lógica para definir estratégias e interesses. Juntamente com o desgaste teórico e racional do materialismo histórico que geraram intermináveis discussões doutrinárias sobre a própria identidade do socialismo, a falta de posições estruturais e ausência de pontos de vista ético, serviram apenas para aumentar ainda mais as divisões internas da esquerda, criando ao longo do século XX, um verdadeiro "Frankstein" amórfico, repleto de teorias e contradições que consequentemente deixaram como herança o aprisionamento e a estagnação da esquerda no século XXI.


Apesar da visível debilidade na maioria dos países europeus que o adotaram, o socialismo de esquerda cresceu e passou a ser a principal referência doutrinária dos países latino americanos pouco desenvolvidos. Na prática, entretanto, sua performance foi pouco inovadora e se manteve dentro dos limites estreitos da teoria militante do imperialismo de Lênin e da teoria da revolução democrático-burguesa de Kautski, com a diferença de que em relação aos europeus, a esquerda latino americana pensava o desenvolvimento das forças produtivas capitalistas como um caminho de transição para o seu objetivo final: A implantação definitiva do socialismo de esquerda.


A política comunista do nacional-desenvolvimentismo foi mais profundo e duradouro no Brasil e no Chile. No Brasil, o fracasso da Aliança Nacional Libertadora (ANL), durante a rebelião comunista de 1935 e o golpe de estado de 1937, deram origem ao Estado Novo, um Estado totalitário governado por Vargas, um ditador conservador que deu abertura para que os comunistas brasileiros se aproximassem e assim apoiassem  seu plano de desenvolvimentismo tradicionalista e autoritário, que à partir dali ganhou força e o fez prosseguir com seu programa de reformas populistas de "democratização" da terra, das riquezas e dos sistemas educacional e político. Um programa de governo que se prolongou por décadas e somente  foi interrompido com o episódio do golpe militar.

A esquerda brasileira voltaria timidamente à cena política na década de 80. A maior parte de sua militância, entretanto, tinha como característica um forte viés antinacionalista, antidesenvolvimentista e antiestatal. Alguns de seus componentes passaram a migrar para "comunidades de movimentos e partidos de base", onde uma parte se manteve a favor da social-democracia na luta pelo poder do estado, contrário às políticas desenvolvimentistas, mas favorável à implantação de reformas e políticas neoliberais; enquanto outros optaram por  resgatar a linha do socialismo utópico.

A globalização, como um fato promissor e sua política de abertura das fronteiras nacionais e interdependentes, não mais justificava políticas e ideologias nacionalistas e populistas. Enquanto a esquerda neoliberal na Europa governava sociedades que se mantinham ricas e homogêneas, apesar das crises e do desemprego, possuindo mecanismos de proteção social, a América Latina com sua sociedade heterogênea e excessivamente desigual, com seus bolsões de miséria colossais, prosseguiam com seus mecanismos de proteção social desigual.

A esquerda latino-americana dos anos 2000, no campo teórico substituiu o conceito de "sociedade de classes" pela "sociedade em redes", trocando as críticas ao imperialismo, pela defesa do "desenvolvimento associado", com exceção apenas dos países governados por regimes totalitaristas e ditatoriais que ainda insistem em manter o povo aprisionado em uma matrix megalomaníaca e corrupta, gerando efeitos cada vez mais catastróficos, aprofundando o fosso do baixo crescimento econômico, aumentando as mazelas e as desigualdades sociais.

Principais Diferenças Entre os Países Socialista na Atualidade



China - Possui um sistema controverso à ideia que se tem de socialismo. Economicamente é o que se encontra em melhores condições por sua economia vasta e abundante, com grande demanda de matérias primas que lhe confere um crescimento assombroso.

Coréia do Norte - Apesar de seu desenvolvimento bélico, sua população é uma das mais atrasadas humana e tecnologicamente, vivendo em condições miseráveis e de extrema dificuldade.

Cuba - Após o colapso da União Soviética, deixou de receber ajuda significativa. Hoje se vê obrigada a abrir-se ao turismo para aquecer sua economia.

Venezuela - Governada por Nicolás Maduro, possui uma política enraizada de ameaça à independência e às liberdades. Com sua política que justifica o poder político absoluto, foi o primeiro governo de tirania no Continente. Criou o "Vice-Ministério da Felicidade Suprema", que supostamente se encarrega de "conceder" a felicidade ao povo, contrariando e violando o princípio básico de liberdade.e dos direitos individuais. Tem na milícia bolivariana o braço para garantir a força moral, a ordem e o poder interno. Com uma base de governo nacional-socialista, desconhece a propriedade privada, além de impor a censura.

Vietnã - De economia basicamente agrícola, ainda enfrenta dificuldades. Porém, tem sido apontado como sendo uma das economias mais promissoras num futuro próximo.






Os artigos desse blog são de direito reservado.
Sua reprodução, parcial ou total, mesmo citando este link,
é proibida sem a autorização do autor.
Plágio é crime e está previsto no Código Penal,


Lei nº 9.610-98 sobre os Direitos Autorais