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segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Proseando Arte: Claude Monet




Oscar Claude Monet nasceu na França, em 1840. Seu pai desejava que ele desse continuidade ao comércio da família, um armazém de secos e molhados. No entanto, o menino irrequieto e indisciplinado, motivo de preocupação para seus pais e professores, preferia gastar seu tempo fazendo caricaturas a carvão.

Monet estabeleceu seu primeiro contato com a pintura, através de Eugène Boudin, que o encorajou a trabalhar ao ar livre sob a luz do sol, processo fundamental no desenvolvimento de sua técnica e estilo, utilizando a luz solar e a natureza como elementos para captar a realidade das cores. Outra forte influência que despertou em Monet o interesse pela luz e pela cor, foram as gravuras do artista Katsushika Hokusai, um dos principais especialistas em pintura japonesa e o mais célebre artista do período Edo no Japão.


Pouco a pouco, seus desenhos passaram a ser admirados e comprados por alguns apreciadores de sua arte. Aos dezenove anos, Monet saiu da cidade de Havre onde cresceu, e retornou à Paris, cidade onde nasceu, para estudar pintura. Seu pai, que a esta altura se conformara com sua escolha pela arte, desejava que ele ingressasse na tradicional Escola de Belas Artes, mas Monet preferiu ingressar no Atelier Suisse cujo posicionamento mais liberal combinava mais com seu estilo e personalidade

Em Paris fez amizade com Courbet, Manet, Pissaro e outros artistas de vanguarda, mas teve que interromper seus estudos para ir a Argélia defender a França na guerra. Regressou um ano depois e nesse período conheceu Renoir, Bazille e Sisley, pintores que pertenciam ao movimento impressionista, onde passou a frequentar os estúdios de alguns deles. Posteriormente, financiado por sua tia, pôde dar continuidade às suas observações ao ar livre nos campos e bosques, pintando as paisagens de onde podia também captar as sombras e as mudanças de tom causadas pelo movimento do sol e dessa forma atingir o efeito da luz sobre a natureza, uma característica dos impressionistas. 


Algum tempo depois, Monet conheceu Camille Doncieux, modelo de seus quadros por quem se apaixonou, casou, e com quem teve dois filhos. Nesse período, pintou o quadro "Impression Soleil Levant", exposto pela primeira vez no Estúdio Nadar, em 1874. A obra foi ironizada pela sociedade e pelo pintor e escritor, Louis Leroy, que se referiu à ela de maneira pejorativa, como "rascunho de uma primeira impressão", chamando Monet e os demais pintores que ali expunham de "impressionistas", nome que mais tarde, batizou o novo movimento.

A vida financeira de Monet enfrentava muita adversidade. O pintor se recusava a mudar seu estilo e por isso, encontrava enorme dificuldade em vender seus quadros. Com o início da guerra franco-prussiana, Monet foi para Londres com a família. Lá, conheceu Paul Durand-Ruel, marchand que apoiou e adquiriu várias obras impressionistas. De volta à Paris, conheceu e estabeleceu amizade com o casal de milionários, admiradores e patronos de sua pintura, Alice e Ernest Hoschedé, 






                                        Sala de Jantar. Nas paredes, pinturas de Monet em estilo japonês


Após ficarem viúvos, Monet e Alice se casaram e foram viver com os filhos de ambos em Giverny, cidade localizada a oitenta quilômetros de Paris. Lá adquiriram uma propriedade, onde construíram uma casa e um lago que recebeu nenúfares e ninféias (flores aquáticas e flores de lótus, respectivamente), bem como a ponte japonesa e também os jardins de onde Monet criou sua extraordinária série de pinturas em que transportou para a tela as impressões de luz, sombra, vento e reflexos que captava na natureza e que serviram de inspiração para a sua belíssima e vasta obra que impressionam até os dias de hoje. Monet viveu 86 anos e está sepultado no cemitério da Igreja de Giverny. Em 1980, a casa e toda a propriedade passou a abrigar a fundação Claude Monet.

* Fotos da autora do blog. Proibida sua reprodução.


                                                           Casa de Claude Monet. Giverny.




Sala de Estar com Algumas Obras de Monet




                       
Foto de Claude Monet e Alice



Jardins





















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sexta-feira, 3 de junho de 2016

A Similaridade do Pensamento Estratégico de Tucídides e Sun Tzu nas Relações de Força da Antiguidade

Sun Tzu, general e estrategista nascido no Antigo Oriente em 544 a.C, e Tucídides, comandante grego, primeiro historiador e também primeiro crítico de relações internacionais da modernidade, nascido em 460 a.C, foram os responsáveis pela criação das técnicas daquilo que hoje chamamos de pensamento estratégico. A natureza desse pensamento era essencialmente dialética, pois, segundo eles, para que um ato atingisse a finalidade desejada era necessário antever as ações e reações do outro, confirmando assim a hipótese de que a guerra em qualquer lugar do mundo, em qualquer época, cultura ou sociedade, possui as mesmas semelhanças.

Através de uma análise da obra de Sun Tzu, "A Arte da Guerra", podemos estabelecer uma comparação com a obra de Tucídides, "A Guerra do Peloponeso", ao tentar explicar a forma pelo qual se deu essa antiga arte de calcular as relações de força nas respectivas sociedades de cada um.






Sun Tzu

Na obra de Sun Tzu, os territórios da China submetidos ao rei Wu, do qual Sun Tzu era súdito, preparavam-se para a guerra contra o rei Tchu. Esses territórios formavam exércitos permanentes com a introdução e a participação dos camponeses, desenvolvendo assim, uma casta de militares. As teorias estratégicas de Sun Tzu nasceram com o surgimento da guerra quando este, persuadido por sua capacidade e suas experiências bélicas, apresentou-se ao rei Wu, solicitando seu ingresso nas tropas após constatar que esta guerra seria de vital importância para o Estado e dela dependeria a conservação ou a ruína do império. Para Sun Tzu, o recurso da dissimulação fazia parte de uma de suas muitas estratégias para atingir o inimigo politicamente, antes de derrotá-lo militarmente. Para isso, era necessário infiltrar agentes e espiões com o propósito de sondar os planos do adversário, criar divergências entre os chefes, os subordinados, os súditos e a elite do campo inimigo, instigando a subversão com o propósito de provocar a desmoralização das autoridades opositoras. Sun Tzu entendia que o sucesso de sua missão dependia essencialmente de poder alcançar a vitória em um curto espaço de tempo, a fim de economizar recursos, exércitos, e também poupar o inimigo de perdas humanas, além do estritamente necessário.

A forma pelo qual o exército de Sun Tzu saiu vitorioso nesta relação de força, muito se assemelha com a obra de Tucídides, A Guerra do Peloponeso, que aponta como principal estratégia a disciplina bélica no processo do pensamento político e militar. De acordo com Sun Tzu, a arte da guerra era regida e determinada por cinco fatores primordiais, sendo que o primeiro deles era relativo ao líder. Esse líder representava a figura do general, chefe dos militares, responsável direto pelas tropas e com poder de decisão acima do monarca sobre os seus comandados. Segundo ele, o líder através de suas leis, regras morais e conduta, deveria estabelecer uma unidade de pensamento, ou seja, assim como pensava o governante, também deveria pensar o povo que seria capaz de viver e morrer por ele, transformando-se dessa forma em um povo guerreiro, intrépido e inquebrantável mesmo diante do infortúnio ou da morte. O líder deveria ter objetivo no comando de suas operações militares e estar ciente dos efeitos que se esperava obter ao final do conflito. Deveria saber calcular o tempo de batalha, pois de acordo com Sun Tzu, não era sábio promover um extenso combate, já que nenhum Estado poderia se beneficiar de um longo tempo de guerra. Ao líder cabia providenciar os meios de transporte para provisões de manutenção de armamentos, ferramentas e suprimentos de víveres para as suas tropas, disponibilizar abrigos bélicos e pessoais que os mantivessem a salvo de acidentes e intempéries, recompensar o exército, tratar com dignidade os prisioneiros, e acima de tudo, não adiar os confrontos para não expor seus exércitos a riscos desnecessários pela ausência de ação.

O segundo e terceiro fator estratégico compreendiam o tempo e o espaço, ou seja, o céu e a terra eram fatores determinantes na vitória. Por tempo, compreendia-se conhecer os grandes princípios yin e yang, mediante os quais todas as coisas naturais se formavam e de onde todos os elementos recebiam suas influências, as condições ambientais de frio ou calor, bonança e intempérie, bem como as estações e suas respectivas restrições. Por espaço, entendia-se o terreno físico da batalha: o alto e o baixo, o longe e o perto, o largo e o estreito, uma vez que era necessário conhecer antecipadamente as chances e as ameaças que tanto o céu como a terra representavam. Era o princípio da segurança que tinha como finalidade evitar que o inimigo se utilizasse do fator surpresa contra as tropas, reduzindo-lhes dessa forma a liberdade de ação e ataques aos pontos sensíveis do território que abrigava as forças militares.


O quarto fator a ser levado em conta tinha a ver com a maneira de como o comando era conduzido. Uma relação estreita e direta do líder com o grau de importância de suas qualidades, de seus valores éticos e morais eram fundamentais para o sucesso da ação e conquista da vitória. Virtudes como a benevolência, coragem, credibilidade, retidão, amor pelos subordinados, sinceridade e equidade, eram virtudes que produziam alta estima em seus comandados que não exitavam na batalha em busca do triunfo. O comandante que agisse corretamente dentro destes princípios seria diretamente responsável pela prosperidade do reino o qual servia. Se, porém, ao contrário, aquele que comandava não tivesse as qualidades necessárias para desempenhar seu papel com dignidade perante seu reino, estaria fadado à ruína.

A disciplina entrou como o quinto fator a ser considerado por Sun Tzu e abrangia três áreas distintas. Primeiro, ordenar e organizar os exércitos em subdivisões adequadas à graduação nas fileiras e postos entre os oficiais e o controle dos prejuízos militares. Segundo, não ignorar as leis de hierarquia e fazer com que elas fossem cumpridas com rigor. Terceiro, estar ciente dos deveres particulares de seus subordinados. Estes princípios traziam ao comandante discernimento na arte da guerra e propiciavam uma previsão certa do momento de ação, em virtude do conhecimento dos pontos fracos e fortes dos seus adversários.

Além destes fatores principais, pode-se dizer ainda que o caráter de conduzir a guerra em Sun Tzu obedeceu também a princípios de objetividade baseados no modelo oriental de guerrear. Para ele, a melhor política era a de desmontar a estratégia do inimigo, quebrar suas alianças, atacar seus exércitos e sitiar suas cidades. Todas as suas ações foram orientadas visando a conquista através de estratégias ofensivas necessárias para obter os resultados decisivos que levaram ao sucesso sua ação militar.



Tucídides

Aristocrata de nascimento, não simpatizava nem apoiava a democracia ateniense. Porém, sua participação como comandante militar nomeado pela Pólis o forçou a adotar uma postura moderada diante da democracia. Apesar de não concordar com o regime político que vigorava em Atenas, não abdicou de participar da política, ainda que a tenha praticado muito provavelmente convicto de que a participação dos aristocratas evitaria os excessos da política democrática. Temos aqui um primeiro dado sobre o pensamento político de Tucídides: a política, principalmente em uma Pólis democrática como foi a Atenas Clássica do V século a.C, deveria ser conduzida por grandes líderes originários de famílias tradicionais e, por isso, possuidores das características sociais, morais e intelectuais, necessárias para conduzir a massa popular que, de outra forma, poderia se tornar extremamente ameaçadora. Segundo Tucídides, a realização de uma política totalmente democrática em Atenas, ou seja, conduzida pela "massa" constituída pela maioria da população pobre da cidade era totalmente maléfica, destrutiva e indesejada. A restrição do direito de participação política destas massas, também aparece como um ideal político para Tucídides. Exemplo disso encontra-se no diálogo estabelecido entre os mélios e atenienses, onde fica claro a realidade da dominação imperial de Atenas e da concepção tucidiana.

Elogiado por Tucídides em diversas passagens da História, o estrategista Péricles foi o exemplo o qual Tucídides utilizou num esforço claro de traçar o mais fielmente possível a grandeza de sua política que seguiu uma linha moderada que manteve a Pólis segura e onde Atenas atingiu o seu auge político e militar. Na obra A Guerra do Peloponeso, podemos verificar uma citação acerca de Péricles que nos remete ao pensamento de Sun Tzu , em que este afirmava ser a figura do líder, o principal fator para o êxito de uma batalha "A razão do prestígio de Péricles vinha do fato de ser ele um líder, onde sua autoridade resultava da consideração de que gozava por suas qualidades de espírito, além de uma admirável integridade moral. Péricles podia conter a multidão sem lhes ameaçar a liberdade, e conduzi-la ao invés de ser conduzido por ela, pois não recorria à adulação como intuito de obter a força por meios menos dignos; ao contrário, baseado no poder que lhe dava a sua alta reputação, era capaz de enfrentar até a cólera popular". Com essa maneira peculiar de agir, Péricles sabia quando transmitir temor ao povo quando este se mostrava excessivamente confiante na batalha, e também sabia restaura-lhes a confiança quando eles eram tomados por um medo irracional, após uma derrota. O temor de um novo golpe anulava a presença de espírito e a intrepidez das tropas e Péricles sabia como devolver-lhes o ânimo com palavras de encorajamento. 

Assim como Sun Tzu, Tucídides acreditava que o equilíbrio nas relações de força deveriam obedecer a quatro princípios. O primeiro deles, segundo ele, era de que o Estado deveria ser o principal protagonista, tanto na guerra como na política em geral. O segundo princípio era o entendimento de que o Estado deveria ser o protagonista unitário e uma vez que este tomasse a decisão de entrar ou bater em retirada em uma guerra, esta seria uma fala e uma decisão única, o qual não caberia a ninguém mais o direito de subverter ou derrubar suas decisões de interesse. O terceiro, compreendia que os tomadores de decisão que agiam em nome do Estado eram protagonistas racionais que deveriam tomar suas decisões, ponderando de maneira isenta os pontos fortes e fracos das operações militares em relação às metas a serem alcançadas, tendo em mente que estas decisões não deveriam ser tomadas baseadas em desejo, oposição ou interesses pessoais, mas sim dos interesses nacionais do Estado. Por último, que a real necessidade e preocupação do Estado deveria ser com as questões relativas à segurança, aumentando suas capacidades internas, desenvolvendo a economia, estabelecendo relações com outros Estados, relações essas baseadas em interesses semelhantes, mas principalmente alinhados com os interesses internos.

Observando as histórias de Sun Tzu e Tucídides, é possível traçar uma comparação entre o pensamento estratégico e as relações de força de ambos com os seguintes argumentos: ambos estabeleceram metas e ideais semelhantes, eram conhecedores do cenário que sua época lhes apresentava, percebiam as ameaças dos opositores, procuravam eliminar fragilidades e vulnerabilidades externas, observavam o passado para conhecerem o futuro e por último, criaram um ambiente propício à realização de suas estratégias e souberam proteger-se, não somente dos inimigos externos, mas também de todos aqueles que internamente poderiam ser considerados uma ameaça ao poder instituído.






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segunda-feira, 14 de março de 2016

14 de Março: Dia Nacional da Poesia






Pequena Introdução

O dia 14 de Março foi declarado como o dia nacional da poesia em homenagem a Antônio Frederico de Castro Alves, um dos maiores poetas brasileiros. Castro Alves nasceu na Bahia, em 14 de Março de 1847. Desde muito cedo se identificou com as dores e dificuldades dos negros que ainda viviam em regime de escravidão no Brasil. Expressou sua indignação contra a crueldade vivida pelo povo escravizado através de suas poesias que denunciavam os horrores impostos aos negros pelos seus senhores. Por essa razão, ficou conhecido no Brasil como "o poeta dos escravos".

Castro Alves também tinha ideias liberais em relação à mulher. Em suas poesias lírico-amorosas a mulher não aparece como um ser distante, intocável ou sonhadora, mas como uma mulher atraente, mais próxima do imaginário real (bela, de corpo perfeito e sedutor). De estilo eloquente, fez uso acentuado de hipérboles em suas poesias sem abrir mão de espaços amplos como o céu, o mar, o infinito, etc. Apesar disso, suas poesias foram escritas em uma linguagem essencialmente romântica. Castro Alves foi o escritor mais importante do romantismo, conhecido como "poesia social". Foi também o último grande poeta da terceira geração romântica do Brasil e o último da transição entre o romantismo e o parnasianismo.

Castro Alves morreu ainda jovem, aos 24 anos de idade, em 1871. Apesar de sua vida curta, deixou um legado significativo de livros e poemas, entre eles "Navio Negreiro" , sua obra mais famosa que denunciava os maus tratos aos quais eram submetidos os negros. Escreveu ainda, "A Primavera" (outro poema contra a escravidão), "Vozes D'África" ( um clamor por liberdade) e ainda poesias amorosas, onde a mulher era cercada por um clima de paixão e erotismo, fato incomum nas poesias de seu tempo. Castro Alves aboliu de suas obras o amor platônico e o trouxe para mais próximo da realidade, retratando-o com toda a sensualidade que o envolve.

Castro Alves é patrono da cadeira número 7 da Academia Brasileira de Letras.


Curiosidades

Poesia é uma palavra que vem do grego e significa, fabricação, criação. É a arte de escrever em versos.


A rima é o elemento mais conhecido da poesia. É a repetição de sons iguais ou similares ao final dos versos que compõem um poema. Muitos pensam que poesia e rima são a mesma coisa, mas esse pensamento não é verdadeiro. Existem versos que não rimam. São os chamados "versos brancos", usados principalmente na poesia modernista. A rima, no entanto, está intimamente ligada à poesia desde as suas origens, anterior a existência da escrita, onde a rima tinha como função, facilitar a memorização de um verso.

Poesia não é algo estático. Encontra-se poesia nas crônicas, contos, música, peças de teatro, romance e literatura de cordel. Poesias podem ser escritas em prosa (como um conto) ou em verso (como um poema).

A poesia e a literatura podem ser divididas em três gêneros: Lírica (um poema que se exprime em uma voz, num 'eu' central, lírico, subjetivo, de pouca extensão), Épica (obras de extensão maior, em verso e prosa, com outros personagens, fatos ou eventos, envolve sempre uma narrativa), Dramática (obras dialogadas, onde os próprios personagens atuam sem necessariamente serem apresentados por um narrador, muito comum no teatro).

É impossível falar de poesia sem falar de poetas. A poesia escrita produzida em língua portuguesa é uma das mais ricas e criativas, pois traduzem o pensamento e a influência de duas pátrias: Brasil e Portugal. Da literatura brasileira, além de Castro Alves, podemos citar também, Olavo Bilac, Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes, Cecília Meireles, Clarice Linspector, Cora Coralina, Mário Quintana, Mário de Andrade, João Cabral de Melo Neto, entre outros. Da literatura portuguesa, destacam-se Luís Vaz de Camões, Fernando Pessoa, Florbela Espanca, Almeida Garrett, Eça de Queirós, Gil Vicente, Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Almada Negreiros, Ricardo Reis, José Saramago, e muitos outros que fizeram da poesia e da literatura de língua portuguesa, uma das mais respeitadas do mundo.





Folha de Outono

Folha de outono que ao chão cai
Quem te vê assim frágil, envelhecida
Nem imagina que ainda ontem
Bailavas vaidosa ao sabor do vento
Será o amor frágil como tu?
Pois que também é orgulhoso, seguro de si

A folha viçosa preza-se de sua beleza
O amor, de sua força e poder
Ambos passam depressa
Como o sol que se esconde da lua
Feito chuva numa noite de verão

Por: Fátima Ribeiro Alves










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terça-feira, 8 de março de 2016

Chiquinha Gonzaga - Maestrina do Brasil







Francisca Edwiges Neves Gonzaga, conhecida simplesmente como Chiquinha Gonzaga, nasceu no Rio de janeiro, em 17 de Outubro de 1847. Filha do militar abastado, José Basileu Neves Gonzaga e da mestiça alforriada, Rosa Maria de Lima Gonzaga, Chiquinha nasceu em uma época onde o papel da mulher era apenas o de se casar, procriar, e viver uma vida devotada à família. No entanto, por ser filha de um militar renomado do império, Chiquinha teve uma educação esmerada para os padrões da época, uma sociedade escravista e patriarcal que não valorizava a mulher. Aprendeu a ler, a escrever, a fazer cálculos, e também recebeu aulas de música e piano. Por influência de seu tio e padrinho, Antonio Eliseu, flautista amador, Chiquinha tomou gosto pela música e cresceu ao som dos ritmos musicais da época, em especial das polcas, valsas e modinhas.

A música fazia parte do cotidiano da cidade do Rio de Janeiro da segunda metade do século XIX. Enquanto nos salões, predominavam as valsas e polcas, nas rodas de escravos ouvia-se o som do lundu e seus atabaques. Com a chegada da Corte portuguesa ao Rio de Janeiro, as mulheres passaram a frequentar os salões de baile com seus saraus e a frequentar os teatros que exibiam óperas, porém os padrões sociais estabelecidos à mulher, continuavam inalterados.

Aos dezesseis anos de idade, por imposição de seu pai, Chiquinha se casou com o também militar, Jacinto Ribeiro do Amaral. Dessa união, nasceram três filhos e uma série de desavenças entre o casal, pelo fato de que Jacinto não aceitava que Chiquinha continuasse, após o casamento, a dedicar-se à música e ao seu piano. Aliás, Jacinto não permitia que ela tocasse qualquer outro tipo de instrumento musical, o que gerou vários conflitos, até que Chiquinha conheceu e se apaixonou pelo engenheiro João Batista de Carvalho Junior e por ele, abandonou o marido. Por sua ousadia, Chiquinha foi banida também da casa paterna, e na condição de mulher separada, passou a ser mal vista pela sociedade e a sofrer uma série de preconceitos.

Após viver por alguns anos com João Batista e ter com ele mais uma filha, Chiquinha descobriu uma traição do companheiro, o que levou ao fim de mais um relacionamento. Obrigada a lutar pela sobrevivência por seus próprios meios, passou a dar aulas de piano. Nesse período, aproximou-se do circulo musical da cidade e passou a conviver com alguns músicos de talento, entre eles, Joaquim Antonio Callado, flautista conceituado entre as rodas de choro e líder de um conjunto chamado "Choro Carioca". Callado foi o maior incentivador da carreira de Chiquinha Gonzaga e seu mais ardoroso admirador. Dessa parceria, nasceu um novo ritmo musical, o Maxixe, ritmo parecido com a polca, porém mesclado com ritmos africanos, semelhante ao lundu. 

Chiquinha que já na infância compunha algumas músicas, passou a compôr com mais afinco. Sua estréia como compositora, aconteceu em 1877, aos vinte e nove anos de idade, quando em visita à casa do maestro e compositor, Henrique Alves de Mesquita, apresentou ao piano para os convidados, aquela que foi a sua primeira composição, "Atraente". O sucesso foi imediato e de tal maneira que Chiquinha passou a ter seu talento reconhecido nas ruas, nos teatros e nos salões da Corte.




Alguns anos mais tarde, o Rio de Janeiro começou a passar por algumas transformações que elevaram a cidade ao status de metrópole, devido ao aumento da demanda do comércio exterior, fazendo emergir assim, uma nova sociedade de ares europeus na moda, nos costumes e na cultura como um todo. Chiquinha, uma mulher inteligente e à frente de seu tempo, logo percebeu essa mudança e decidiu que aquele era o momento certo de fazer com que a música brasileira se popularizasse através do teatro, que impulsionado por esse novo contexto social, se desenvolvia cada vez mais por conta do gênero musicado que começava a cair no gosto da nova camada social emergente.


O teatro musicado permitia as mais variadas formas de espetáculo, como o vaudeville, o café-concerto, a opereta, a revista e a burleta, entre outros que deixavam que o burlesco, o humor e a sátira fizessem parte dos espetáculos teatrais da cidade. Chiquinha Gonzaga teve papel de destaque para que essa modalidade teatral se acentuasse. Suas composições teatrais, misturadas com a brejeirice do maxixe, trouxeram não só mudanças nos ritmos e nas danças, mas também mudanças urbanas e sociais à partir das transformações que ocorreram na música popular que passou a ser o reflexo do que acontecia nas ruas, nos salões, e nas senzalas. A peça "Forrobodó" foi um divisor de águas para o teatro nacional. A peça, além de retratar o cotidiano do povo brasileiro, introduziu no teatro as gírias, a carioquice e os mais variados tipos e sotaques do país. 


As peças musicadas por Chiquinha Gonzaga passaram a fazer enorme sucesso. Chiquinha passou a produzir cada vez mais obras para o teatro musicado. Em 1885, estreou como maestrina na opereta "A Corte na Roça", um feito inédito no país que até então, só conhecera maestros do sexo masculino. A opereta abordava os costumes do interior do Brasil. A dança, um maxixe, mesclava ritmos de lundu e polca, onde os protagonistas dançavam próximos e de forma sensual, o que foi considerado uma ousadia, uma imoralidade para os padrões da época. 

Apesar das transformações pela qual o Rio de Janeiro passava e do grande sucesso de suas músicas e peças de teatro, Chiquinha Gonzaga ainda era muito discriminada pela alta sociedade brasileira, que considerava seu comportamento e sua independência, um desafio aos princípios e valores sociais da época em relação à mulher, onde pouca coisa ou nada havia sido alterado. Chiquinha foi a primeira profissional ligada ao choro, que até então, era composto apenas pelo gênero masculino, além de ter sido a responsável direta pela popularização desse ritmo musical. 


Em 1914, Chiquinha sofreu forte discriminação do então senador da república, Rui Barbosa, que registrou um violento pronunciamento no diário do congresso nacional por conta do episódio que ficou conhecido como "Corta-jaca". A primeira dama do País, Nair de Teffé, executou ao violão o tango de autoria de Chiquinha Gonzaga intitulado com o nome de "Gaúcho", popularmente conhecido pelo nome de "Corta-jaca", acompanhada pelo compositor Catulo da Paixão Cearense. O intuito da primeira dama era homenagear o corpo diplomático e a elite carioca presentes em uma festa no Palácio do Catete, sede do governo federal. A junção explosiva do violão, considerado como instrumento da malandragem, com o maxixe, um ritmo extremamente sensual, provocou a ira do senador conservador. O fato no entanto, representou a alforria da música popular que ao adentrar os salões da elite, rompeu a barreira social que existia entre essa mesma elite e o povo.


No contexto histórico, Chiquinha Gonzaga contribuiu para que algumas mudanças acontecessem. Lutou pelos direitos autorais e pela criação da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (SBAT), fundada em 1917 e pioneira em defesa dos direitos autorais de compositores musicais e teatrólogos. Lutou pelas liberdades no país, abraçando causas como a abolição da escravatura e a proclamação da república, promoveu a nacionalização musical, foi a primeira maestrina brasileira, a primeira pianista de choro, autora de "Ô Abre Alas", primeira marchinha carnavalesca. Foi também a responsável por introduzir a música popular nos salões da alta sociedade e sem dúvida, a maior personalidade feminina da história da música popular no Brasil. Faleceu em 28 de fevereiro de 1935, no Rio de Janeiro, aos 87 anos de idade.








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Mulher







Mulher foi feita da costela de Adão
Se é mito ou não
Só sei que ela é o ser mais forte
De toda a criação

Mulheres conseguem sorrir
Com a alma aos pedaços
E chorar de alegria
Num simples abraço

A mulher gera os filhos
Sabendo que não são seus
Ama, educa, ensina a voar
Mas quando batem asas e voam
O coração só falta desabar

Da fraqueza, tiram força
Na dor, mantem a esperança
A mulher faz da saudade
Uma doce lembrança

É capaz das coisas mais loucas,
Insanas e descabidas
Como abrir mão de um amor
Se preciso for

Mulheres às vezes
São pouco valorizadas
A maioria delas
Só deseja ser amada

Se é falante, é agitada
Se é na dela, esquisita
Se engordar, é sem vergonha
Tem que ser magra a senhorita

Se ama alguém mais velho
Não é amor, é interesse
Mas se o cara for mais moço
Vai lhe tomar até o osso

Quando traída, aguenta calada
Mas se trai, é uma depravada
Se não é vulgar, tá fazendo tipo
Mas quando descolada,
É uma galinha assanhada

Aliás, ô palavrinha mais malvada
Corra atrás de uma galinha
Pra ver se é fácil de alcançar
É difícil pra caramba conseguir pegar

Apesar das incoerências
Ser mulher é bom demais
Mulher é bela, mulher é fera
Que o digam os homens normais.


Feliz dia da mulher!!!








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