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quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Políbio - Historiador Grego






Políbio, historiador grego, nasceu no ano 200 a.C na cidade de Megalópolis, região da Aquéia, no Peloponeso. Acompanhou de perto alguns episódios da história romana que culminou com a consolidação deste império, após a destruição de Cartago, Corinto e também a conquista do que restara da Grécia, estabelecendo assim seu domínio global. Estes acontecimentos levaram Políbio a escrever uma história de caráter universal, abandonando o procedimento predominantemente adotado por outros historiadores de seu tempo que tratavam basicamente de assuntos relativos à certas regiões ou pólis. A sua história ocupou um lugar de destaque na evolução da historiografia à medida em que foi Políbio quem deu continuidade ao processo de evolução do gênero histórico iniciado por Tucídides.


O aspecto de maior importância que o distinguiu de seus predecessores foi a intenção de escrever uma história pragmática, ou seja, voltada especificamente para sua época, expondo os fatos ocorridos sem retórica, de forma objetiva, de caráter essencialmente político e militar. Políbio enfatizava que o propósito do historiador era o de convencer o outro da verdade, através da imparcialidade e do não envolvimento com os fatos que iria discutir ou expôr.

No que diz respeito à história, Políbio preocupou-se com a etiologia dos acontecimentos à medida que distinguia a causa de um fato histórico do seu começo (arkhé) e pretexto (prôphasis). Políbio também se preocupou com a veracidade dos relatos históricos como nenhum outro. Segundo ele, a "precisão do relato é o que faz a narrativa realmente útil para o leitor que a usa como manual de conduta para a vida pública".  Ainda segundo ele, a pesquisa dos fatos não deveria se dar apenas pela averiguação de documentos, mas principalmente através do testemunho ocular que fortalecia a narrativa pela profundidade e comprometimento com a verdade. Esta importância do estabelecimento da verdade está diretamente ligada à ideia de história pragmática. Por estas razões, suas histórias tornaram-se uma espécie de paradigma historiográfico.


Políbio, recomendava "uma acolhida favorável" ao estudo dos tratados do passado, que segundo ele, era fundamental para que os homens tivessem conhecimento de seu passado, o que funcionaria como uma espécie de corretivo. Políbio reprovava o fato dos gregos não conhecerem a história dos conquistadores romanos que acabaram por dominá-los. Para ele, somente pelo estudo das particularidades, semelhanças e diferenças (através da comparação de fatos distantes cronológica e geograficamente) os teria capacitado a fazer uma apreciação geral e dela tirarem proveito e prazer da história, além do fato de terem renegado a fragmentação dos eventos históricos, movidos pela intenção de construir uma história global,  já que para ele "as histórias parciais contribuíram muito pouco para o conhecimento do todo e para formar uma convicção quanto à sua veracidade".


Políbio dizia que existiam três elementos principais para compôr a autoridade de um historiador: a pesquisa de documentos, a consulta de testemunhas, a experiência política, militar e também social, bem como o conhecimento do espaço geográfico das regiões, cidades, mares e rios. A história, segundo ele, deveria ser universal em virtude de um mundo que se tornava cada vez mais coeso, onde um fato ocorrido em uma determinada região, poderia afetar outras regiões distantes.


Políbio foi o responsável direto pela aplicação de idéias políticas num momento histórico ao descrever o funcionamento do que denominou "Constituição Mista de Roma", onde fez uma exposição detalhada da constituição romana a que chamou de "mista", explicando como e por que esta se consolidou, tornando-se o fator mais importante da força e estabilidade de Roma. Ainda segundo ele, a constituição de um povo é a causa principal de seu sucesso ou infortúnio e este pensamento, serviu de base para que Políbio explicasse a importância e o sucesso político que a constituição romana trouxe a este povo que em menos de 53 anos, conquistou e dominou todos os outros estados.


Teorias constitucionais fizeram parte do pensamento grego e Políbio teceu algumas considerações sobre as constituições em geral. Para ele, existiam três formas de governo boas (realeza/aristocracia/democracia) e três formas de governo más (tirania/oligarquia/oclocracia) que se sucediam umas às outras e constituíram assim, um ciclo repetitivo no tempo quando por exemplo, em um determinado período, a sociedade já fragilizada foi dominada pelo despotismo e mais tarde, quando sentimentos de dever e justiçam afloraram, fizeram surgir uma monarquia que após algum tempo se corrompeu e se transformou numa forma tirana de governo que fez com que a sociedade se revoltasse, tomasse o poder e instituísse uma aristocracia. Como resultado do princípio da anaciclose, a sociedade voltou ao ponto inicial, sem noção de certo e errado. Políbio teve motivos para apresentar esta concepção para mostrar a evidente instabilidade das constituições simples, onde a saída seria a constituição mista para pôr fim a este ciclo. Para ele "era impossível prever os acontecimentos futuros e deduzir o que aconteceria a uma determinada sociedade à partir do ponto institucional em que se encontrava".


No século V a.C. os romanos conseguiram passar por esse processo e consolidaram um governo constituído equilibradamente entre os três poderes representativos das formas boas de governo: A Monarquia, definida por Políbio como o governo do mais forte que contrabalançou as três instituições que as representava (monarquia/aristocracia/democracia) evitando que uma prevalecesse sobre a outra, ou seja, o poder de cada um era controlado pelo outro).


A constituição mista com o fim de promover a estabilidade, contou com um sistema de freios e contrapesos que se contrapuseram  e cooperaram entre si ao mesmo tempo. A estabilidade foi alcançada através de um equilíbrio de forças acionadas por diferentes agências políticas que passaram a crescer juntas. Outro fator que também determinou para esse equilíbrio e o controle da sociedade foi a coerção psicológica do medo. O medo de algum perigo externo os compeliu a esquecerem suas diferenças, o que fortaleceu o vigor interno da República. Do mesmo modo, ao contrário, quando não houve riscos externos, os cidadãos se acomodaram, ficaram menos solidários entre si, tornaram-se frívolos, vaidosos, insolentes e correram o risco de uma dissolução interna. O medo imposto pela religião, que em Roma era dirigido pelo estado que unia e controlava as massas através do temor dos deuses, tornaram os cidadãos comuns mais rigorosos nos compromissos assumidos nos negócios e bens públicos.


Para Políbio, a participação do povo no governo foi o fato mais importante sobre todos os aspectos, pois trouxe coesão aos reinos, às repúblicas e à convivência humana. A capacidade de colaboração e superação dos obstáculos por parte dos membros deste poder (cônsules/senado/povo) ao mesmo tempo unido e disciplinado, reuniu o equilíbrio de forças desta constituição, onde não existia poderes absolutos. O caráter de seu povo, a solidez de suas instituições, juntamente com a habilidade militar de Roma, foram os fatores determinantes que fizeram do estado romano, uma potência.






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