No dia 8 de Março comemora-se o Dia Internacional da Mulher. A data foi escolhida em homenagem às operárias de uma fábrica de tecidos em Nova York que neste dia foram assassinadas na própria fábrica onde trabalhavam, como punição de terem entrado em greve por melhores condições de trabalho, tratamento digno, redução da carga horária de trabalho e salários compatíveis com os dos homens. A data passou a ser um marco contra todo o sistema de opressão à mulher e luta pelos seus direitos de igualdade. Desde então, as mulheres vem conseguindo ocupar seu lugar e conduzir suas ações numa sociedade repressora que até bem pouco tempo, marginalizava a mulher que não se encaixasse no padrão de comportamento estabelecido.
Apesar das conquistas que as mulheres conseguiram realizar desde então, como o direito ao voto, ao divórcio, à liberdade sexual, ao ensino superior, bem como o direito de ocupar cargos políticos, elas ainda continuam sofrendo opressão e discriminação por conta de uma sociedade repressora, onde a figura da mulher ainda é desvalorizada. Na área profissional mesmo ocupando um papel multifuncional no mercado de trabalho, a mulher continua sendo tratada de forma desigual em relação aos homens com salários mais baixos e menor oportunidade de acensão. Nas relações familiares e afetivas, muitas são vítimas de agressões físicas, psicológicas e verbais que adoecem o emocional, trazendo baixa autoestima e depressão. Mulheres são assassinadas por maridos, namorados e companheiros numa clara demonstração de brutalidade, sentimento de posse e desvalorização.
Em pleno século XXI, uma das formas mais bárbaras e cruéis de violência ainda é imposta à mulher em países africanos: a ablação dos genitais femininos. Essa prática remonta do século IX e consiste na extirpação do clitóris em um único corte que desce até o ânus, onde depois é costurado. É uma prática cultural que atravessa gerações e acontece com todas as mulheres na época da menarca como um ritual de passagem da infância para a idade adulta. Com este ato, os pais afirmam a decência e honra da mulher por julgarem que assim podem conter os impulsos sexuais femininos, garantindo às suas filhas num futuro próximo, um bom casamento e um lugar na sociedade.
Para esta sociedade africana, a mulher é a responsável por espalhar o mal sobre a terra, sendo a mutilação uma forma de impedir que a sexualidade da mulher seja aflorada e assim elas se tornem assexuadas. Por essa razão, muitas sofrem esta violência em silêncio e muitas morrem em decorrência de infecções pelo uso de instrumentos cortantes sem assepsia como facas, giletes e cacos de vidro. Se uma menina ou sua família se recusam a realizar esta prática, se tornam marginalizados, desonrados e a moça passa a ser considerada como prostituta. As que se submetem, ainda assim, não estão isentas de distúrbios psicológicos, emocionais e depressão por essa prática enraizada que ainda é cercada de tradições supersticiosas, ignorância e extrema violência.
A Assembléia Geral das Nações Unidas, aprovou uma resolução que condena a mutilação genital feminina com o objetivo de proteger mulheres e crianças desta forma de violência, bem como pôr fim a impunidade deste ato e pediu ajuda às autoridades, aos líderes religiosos e à comunidade médica para ajudar a conscientizar a população. O dia 6 de fevereiro foi declarado como o dia da Tolerância Zero contra a mutilação genital.
Embora as mulheres em todos os continentes tenham obtido significativas conquistas, ainda há um longo e árduo caminho a ser percorrido para assegurar a elas, estabilidade, respeito e o direito de viver livre de violência.
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