A Alemanha da segunda metade do século XIX, antes de 1871, não era um país, mas um território que vivia basicamente em uma estrutura feudal, em plena era contemporânea. Politicamente era dividida em trinta e nove pequenos estados, formados por diferentes reinos, ducados e mesmo cidades livres que sofriam grande influência das duas principais potências de língua alemã da região, denominadamente a Áustria e a Prússia. Todos esses estados formavam a Confederação Germânica, que por sua vez era governada por todos os estados na figura de seus representantes políticos. No entanto, Áustria e Prússia que eram os estados maiores, tinham maior poder de decisão. Estes dois estados tinham entre si conflitos de interesse. Enquanto a Prússia era favorável à unificação, pois desejava através da ampliação e do desenvolvimento industrial obter a hegemonia sobre os demais estados, a Áustria mantinha uma posição contrária.
Com o objetivo de unificar os territórios ocidental e oriental, favorecer o comércio e impulsionar o desenvolvimento industrial germânico, a Prússia liderou em 1834 com o apoio da maioria dos estados, a formação da "União Aduaneira dos Estados Germânicos" conhecida como "Zollverein", que proporcionou um grande avanço industrial e a integração dos estados, principalmente pela criação de uma rede ferroviária interligando as diversas regiões ao território germânico. Estes fatos, consolidaram o poder da Prússia na Confederação e enfraqueceu a Áustria que preferiu se manter de fora.
A economia prussiana se desenvolveu vertiginosamente, mas a sua política não se modernizou. O rei da Prússia, Frederico Guilherme III, que prometera uma constituição, morreu sem cumprir a promessa. Seu sucessor, Frederico Guilherme IV, além de não realizar as reformas políticas prometidas por seu pai, apelou à "Dieta Unida", unindo-se a Berlim, em Abril de 1847. A Dieta Unida tinha como finalidade, controlar os gastos do governo. Após Frederico Guilherme IV esbanjar em atividades da Corte a herança deixada por seu pai, Frederico Guilherme III, e necessitar de um empréstimo para a construção de uma ferrovia, precisou se submeter aos favores da Dieta Unida composta por aristocratas do corpo de representantes das dietas provinciais.
Em 1848, após um período de safras muito ruins e consequentemente o aumento de preço dos alimentos, diversos estados germânicos se revoltaram, dando origem a manifestações populares em favor de um parlamento nacional eleito pelo povo com a finalidade de implementar uma nova constituição para unificar a Alemanha. A maioria dos estados começaram a perceber também que, além de uma nova constituição, careciam de um exército próprio, e de outros elementos necessários à formação de um estado, tais como, capital, leis e instituições nacionais. A população exigia o apoio de Frederico Guilherme IV às teses liberais da nova constituição, porém ele se recusou a apoia-los, o que levou a um choque entre soldados e manifestantes compostos de operários, burgueses e pequenos burgueses.
As revoltas, no entanto, foram imediatamente sufocadas pelas tropas prussianas. Frederico Guilherme IV, querendo eximir-se de sua responsabilidade no massacre que ocorreu durante essas revoltas, convocou uma assembléia nacional. Deputados eleitos em todo território germânico reuniram-se em Frankfurt para a preparação da nova constituição alemã. Porém, dois grupos de deputados, os Grossdeutche e os Kleindeutche, distinguiram-se por não conseguirem acordar sobre o processo. Os primeiros, defendiam uma Alemanha que incluísse a Áustria, estendendo-se do Mar Báltico ao Norte até o Adriático, ao Sul. O segundo grupo defendia uma Alemanha sob liderança da Prússia, excluindo assim, a Áustria. A coroa da nova Alemanha foi oferecida ao rei da Prússia que a recusou e também não aceitou a constituição de Frankfurt por causa de seu caráter liberal. Esta atitude foi repetida pelo governo da Áustria e pelos outros estados alemães. Diante do impasse, a solução encontrada foi a de um estado federal governado pelos Hohenzollem, casa real de dinastia prussiana. Perante essa fragilidade política, a Assembléia Nacional de Frankfurt foi dissolvida.
Bismarck acreditava que o meio para a unificação era o caminho militar e para atingir seu objetivo, exaltou o espírito nacionalista, aumentou o poder bélico da Prússia, investiu na produção de armamentos, criou uma política de guerra contra a ocupação das regiões alemães, o que auxiliou na expansão do território prussiano e posteriormente, germânico. Consolidou a unificação, derrotando a Dinamarca, a Áustria e a França. Após a conclusão do processo de unificação, Guilherme I foi proclamado imperador da Alemanha em 1871 e o tratado de Frankfurt finalmente assinado.
A França, derrotada, teve que pagar uma exorbitante indenização de guerra , além de perder para a Alemanha os territórios de Alsácia e Lorena. Apesar do império alemão constituído em 1871 ser uma monarquia parlamentarista, o parlamento não tinha influência sobre o governo. A Alemanha também não incorporou o liberalismo democrático e manteve suas características autoritárias.
A unificação alemã teve como resultado, o desenvolvimento militar e econômico, bem como o avanço do poder geopolítico da Alemanha, a disputa por territórios com o Reino Unido, durante o processo de colonização que acabaram por gerar tensões entre os dois países, fator desencadeante da Primeira Guerra Mundial, do surgimento do II Reich e da formação da tríplice aliança entre Itália, Alemanha e Áustria.
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